Egito barra marcha internacional por Gaza e deporta ativistas
A tensão em torno do bloqueio de Gaza só faz crescer. Desta vez, o Egito deportou dezenas de ativistas internacionais — a maioria europeus — que tentavam sair de Al-Arish, no Sinai, rumo à fronteira de Gaza. A marcha, de 50 km, pretendia colocar um holofote sobre a situação desesperadora dos palestinos, que enfrentam restrições de ajuda há meses. O grupo não tinha intenção de entregar mantimentos, mas sim denunciar as condições severas impostas pelo bloqueio israelense desde outubro de 2022.
O governo egípcio optou por não ceder à pressão, obstruindo o plano dos manifestantes e priorizando sua postura diante das preocupações de Israel. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, chegou a pedir publicamente que o Cairo bloqueasse a iniciativa, alegando riscos de provocações e possíveis ameaças a soldados israelenses na fronteira.
Segundo relatos de ativistas, a ação das autoridades egípcias foi dura: muitos foram escoltados até aeroportos para deportação, sem chance de permanecer no país ou prosseguir na marcha. O bloqueio ao ato reacende perguntas sobre como o Egito equilibra seu papel histórico de mediador regional com pressões israelenses e as demandas da causa palestina.
Movimentação global e crise humanitária às portas de Gaza
Atos de solidariedade multiplicam-se. Ao mesmo tempo que os ativistas europeus eram impedidos, partia da Tunísia a caravana Soumoud ('Firmeza', em árabe). Liderada por tunisianos e composta de simpatizantes de outros países do norte da África, a caravana cruzou a Líbia rumo à passagem de Rafah. O tom era claro: não havia ajuda humanitária física, e sim pressão simbólica e política para o fim do bloqueio imposto por Israel.
O governo egípcio manteve posição — repetiu seu discurso oficial de que deseja ver o bloqueio solucionado, mas reforçou que missões estrangeiras precisam passar por aprovação prévia. Na prática, o fluxo de pessoas ou ajuda segue limitado, longe de atender à fome e falta de remédios descrita por especialistas em segurança alimentar.
Essa movimentação esbarrou também no caso da sueca Greta Thunberg. A ativista ambiental, conhecida por engajar jovens pelo mundo, foi deportada de Israel após tentar integrar uma flotilha em direção a Gaza. Autoridades israelenses interceptaram a embarcação antes que chegasse ao litoral, reforçando o controle militar na região.
O alerta é vermelho. Relatórios de agências humanitárias apontam que Gaza está à beira da fome generalizada, mesmo após Israel ceder a pressões e liberar pequenas quantidades de suprimentos nos últimos meses. Quanto tempo essa barreira ainda vai segurar? Para os palestinos em Gaza, cada novo bloqueio ou deportação externa só amplia o isolamento. E, do outro lado, cresce a cobrança internacional sobre Egito e Israel, que resistem a ceder diante de apelos pela abertura das fronteiras — tanto para gente quanto para comida e remédios.
Escreva um comentário